Preocupação, ansiedade e insônia


Insonia vem de preocupação e ansiedade desmedidas. É uma pré-ocupação de uma situação que ainda nem ocorreu e você fica ruminando na mente.

Estive a ler meu Oráculo Houhou, e a carta que saiu foi o da Serendipidade e fui buscar mais informações para esta palavra:

Encontrei a explicação da origem da palavra serendipidade na internet:

“A palavra “Serendipismo” se origina da palavra inglesa Serendipity, criada pelo escritor britânico Horace Walpole em 1754, a partir do conto persa infantil “Os três príncipes de Serendip”. Esta história de Walpole conta as aventuras de três príncipes do Ceilão, atual Sri Lanka, que viviam fazendo descobertas inesperadas, cujos resultados eles não estavam procurando realmente. Graças à capacidade deles de observação e sagacidade, descobriam “acidentalmente” a solução para dilemas impensados. Esta característica tornava-os especiais e importantes, não apenas por terem um dom especial, mas por terem a mente aberta para as múltiplas possibilidades.”

Esta explicação está ligada a minha sensação de que minha mente está ocupada, pré-ocupada e ansiosa com muitas coisas ao mesmo tempo sem ter necessidade. E através de uma reflexão sobre o oráculo pude perceber que este espaço estava ligado a uma crença limitante adquirida de várias fases em minha vida. Frases clichês que me deixavam revoltada e deixavam meu “livre-SER aquariano” irado. Porém, com o passar dos anos, estas informações ficam ali no nosso inconsciente, ocupando um espaço em nossa memória “RAM”.

Sempre fui uma criança criativa, desenhava, pintava, dançava de acordo com o que meu corpo queria fazer. Ao ir para escola lembro-me de ficar desenhando enquanto a aula rolava. As professoras chamavam minha atenção pois além de não escrever nada do que estava na lousa, ficava desenhando por todo o caderno. Aprendi através da correção na época tanto de meus professores e de meus pais.

Isso foi suprimindo um pouco de minha criatividade. Ouvi minha mãe dizer que “artistas não sobrevivem”, que são pessoas “a toa”, “não tem futuro”. Então, minha habilidade em dançar foi suprimida. Apeguei-me a escrita que, ainda é a única forma de colocar meu ser para fora. Já tentei produzir vídeos no Instagram mas não consigo me expor como exponho em meus textos.

Outra fala muito comum que ouvi na adolescência quando professores davam trabalhos difíceis e que tínhamos dificuldade de executar e entregar a tempo: “o que vocês fazem da meia noite as 6h?”, minha mente respondia: durmo e descanso!

Ouvia também o clássico provérbio japonês: “Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham” do qual acredito que as pessoas vivem atualmente num sentido literal sem pensar que não é quantidade de atividade e sim a qualidade do que você faz.

Ao chegar na faculdade ouvia também “benvindos ao mundo dos adultos” querendo demonstrar que a vida de adulta era repleta de muitas responsabilidades obtidas.

Vejam são três situações que viraram um estopim que só tomei consciência hoje! Um absurdo passar 36 anos acreditando que tudo que fiz, faço nunca era o bastante. A autocobrança, a preocupação e a ansiedade vão a mil, é claro!!!

Acreditei que ser “sonhador”, “artista”, “lento” é ruim. Eu era tudo isso até ter de me “adequar” a estes padrões que a sociedade queria que eu fosse. Desejam pessoas produtivas, que trabalhem incansavelmente e ainda tenham “tempo” para a família, esporte, lazer e sexo. Impossível! Desculpe, mas algum campo da vida não vai bem deste jeito.

O que desejo explanar é que com este tipo de frases não irá ajudar um individuo a criar responsabilidade. Esta é adquirida através dos erros, tropeços e atrasos. Daí vem as advertências, suspensão e expulsão. Responsabilidade vem com o tempo e aumenta na maturidade.

Ensinar crianças e adolescentes frases e crenças “prontas” só fazem criar adultos preocupados, ansiosos e se julgando insuficientes. Eu, pelo menos cresci assim acreditando nisso, que para ser realmente boa eu tinha que me esforçar e muito.

Não prego aqui que sem responsabilidade perante a vida não conquistamos as coisas, pelo contrário, acredito que a vida seja um jogo de ganho e perda. Se você investiu, você ganhou, se não investiu muito bem, perdeu, ou se nunca investiu, nunca saberá o que é ganhar. Precisamos colocar nossos sonhos no papel sim, transformar em metas e ter um planejamento para chegar lá. Penso na questão do peso que damos as responsabilidades, deixando de viver com fluidez, a vida torna-se um lugar de muita luta e perdemos a alegria.

A vida é fluídica e também tem seus ciclos de aprendizados que nos levam ao amadurecimento. Estas crenças tiram nossa capacidade de se entregar aos milagres, ao inesperável, as surpresas que só recebemos quando estamos no lugar certo e no momento certo.

Estas crenças tiram nossa capacidade de viver com menos preocupação, de zerar nossa autocobrança nos momentos de lazer e de relaxamento. Nos impedem a entrega no Divino, em Deus ou na Energia Cósmica que nos orienta. Não sabemos mais “não fazer nada”, não paramos para observar o céu, os pássaros ou a paisagem.

Autocobranças vem de crenças que nos ensinaram a sermos “responsáveis” e “produtivos” a maior parte do tempo, criando indivíduos ansiosos e insones (aqui me encaixo também).

Permita libertar-se destas crenças e viver uma vida com mais fluidez, despreocupação e alegria de ser e estar bem consigo mesmo e em sincronicidade do Universo.

Finalizo com este trecho de um texto das sábias palavras de Osho:

… Existem dois tipos de pessoas no mundo: as que são como cavalos de corrida e as que são como tartarugas. Se uma pessoa pertencente ao primeiro grupo não puder correr e fazer tudo rapidamente, ficará estressada. Ela precisa obedecer ao seu ritmo. Se você é um cavalo de corrida, esqueça a idéia de relaxar e outras coisas do tipo – isso não é para você, é para as tartarugas. Seja um cavalo de corrida, pois essa é a sua natureza, e não pense nos prazeres com que as tartarugas estão se deleitando, eles não são para você.

Seu prazer é outro. Se uma tartaruga começar a agir como um cavalo de corrida, enfrentará o mesmo problema! Aceite a sua natureza. Você é um batalhador, um guerreiro: tem de ser desse jeito e ter prazer em ser assim. Não é preciso ter receio: mergulhe de cabeça nos negócios. Brigue, faça concorrência, realize tudo o que realmente quiser. Não tenha medo das conseqüências, aceite o estresse. Depois de aceitá-lo, ele desaparecerá. Não somente isso: você se sentirá mais feliz porque começou a usá-lo. É um tipo de energia.

Se você é um cavalo de corrida, não ouça as pessoas que dizem para relaxar. O seu relaxamento só será possível depois que você tiver gastado sua energia trabalhando duro. Cada pessoa tem de entender a que tipo pertence”.

Osho, Corpo e mente em equilíbrio.

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Transformar paixão em compaixão – por Osho


Perguntaram a Osho:

Osho,
Toda vez que você fala sobre transformar paixão em compaixão, algo em meu coração dispara; mas, ainda assim, eu não entendo o que isso significa. Você poderia explicar isso para mim de novo?

A energia chamada paixão é sempre dirigida a alguém. Ela é possessiva, e porque é possessiva é feia. Transformar a paixão em compaixão significa que sua energia para o amor não é dirigida a ninguém em particular, é simplesmente o seu perfume, é simplesmente a sua presença, é simplesmente o jeito que você é. Não é dirigida, não é unidimensional. É radiação. Assim quem quer que chegue perto vai se sentir seu amor – e isso é não-possessivo.

O amor possessivo é uma contradição em termos, porque possessividade significa que você está reduzindo a outra pessoa a uma coisa. Apenas coisas podem ser possuídas, não pessoas. Apenas coisas podem ser propriedades, não pessoas.

A qualidade essencial das pessoas que as diferencia das coisas é a sua liberdade, e a posse, a dominação, destroi a liberdade.

Assim, por um lado você acha que você está amando uma pessoa, por outro lado você está destruindo a própria essência dela.

Compaixão é soltar o amor das garras de possessividade. Então, o amor é apenas um brilho suave, sem direção, sem endereço. Você simplesmente transborda-o porque você está cheio dele, não é uma questão de apenas pensar.

A paixão tem que passar por todo o processo de meditação para se tornar compaixão. A meditação vai tirar toda a possessividade, a dominação, o ciúme, e deixar apenas a pura essência, o puro perfume do amor.

Apenas um homem profundamente enraizado na meditação pode ter compaixão.

Portanto, quando eu digo para você transformar a sua paixão em compaixão, eu estou dizendo para você deixar a sua energia ser purificada, por meio da meditação, de tudo o que há de lixo nela.

Deixe-a tornar-se simplesmente uma fragrância disponível para todos.

Então ela não destroi a liberdade de ninguém, mas intensifica-a, e no momento em que seu amor aumenta a liberdade de alguém o amor se torna espiritual.

Osho, em “The Transmission of the Lamp”
Publicado no blog palavras de Osho
 

Ego, o falso centro – Por Osho


Um belo texto, muito rico porém longo.

Vale a pena ler.

Paz e Luz,

Camila Moreira
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EGO
O FALSO CENTRO
por Osho

O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.

Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural, porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso.

Nascimento significa vir a esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu. Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o ‘outro’, também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce.

Primeiro ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma. Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz ‘você é bonita’, se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.

Por meio da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito.

E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce – um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo.

Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas.

O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não.

O verdadeiro só pode ser conhecido por meio do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só pode ser conhecido por meio da ilusão. Você não pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro. Primeiro você tem que encontrar o falso. Por meio desse encontro, você se torna capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você.

O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade.

Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão.

Assim, estão interessados em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade. Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro…

Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento.

A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu – não é possível. E a criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade.

Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz ‘que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.’ Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala – ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.

O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está continuamente pedindo atenção. Você obtém dos outros a idéia de quem você é. Não é uma experiência direta. É dos outros que você obtém a idéia de quem você é. Eles modelam o seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o modela. Você vem com ele. Você nasce com ele.

Osho, em “Além das Fronteiras da Mente”
Fonte: Osho Brasil – http://www.palavrasdeosho.com/2009/05/ego-o-falso-centro.html

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EGO
O FALSO CENTRO (2)
por Osho

Assim, você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade – o ego. Esse é algo falso – é um grande truque. Por meio do ego a sociedade está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a sociedade irá apreciá-lo.

Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.

Os outros deram-lhe a idéia. E essa idéia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos.

Devido a esse caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas…

Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a sensação de “eu sou”. Afastando-se do que é conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos – porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser… É o mesmo que penetrar numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca – a floresta, a selva. Mas aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo.

Foi assim que aconteceu. A sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa.

E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo.

Além da cerca você é, tal como você é dentro da cerca – e sua mente consciente é apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro está oculto.

Precisamos ser ousados, corajosos.

Osho, em “Além das Fronteiras da Mente”
Fonte: Osho Brasil – http://www.palavrasdeosho.com/2009/05/ego-o-falso-centro-2.html

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EGO
O FALSO CENTRO (3)
por Osho

Precisamos dar um passo para o desconhecido.

Por um certo tempo, todos os limites ficarão perdidos. Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por um certo tempo, você vai se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um terremoto.
Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu.

Uma vez que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade – essa é a própria ordem da existência.

É o que Buda chama de Dhamma, Lao Tzu chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas…

O ego tem uma certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um centro autêntico, como pode ser um indivíduo?

O ego não é individual. O ego é um fenômeno social – ele é a sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma vida falsa?

E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue encontrando motivos para sofrer…

E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo.

Tente entender isso. E comece a procurar o ego – não nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém.

Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu – seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão.
As causas não estão fora de você.

A causa básica está dentro de você – mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: ‘Quem está me tornando infeliz?’ ‘Quem está causando a minha raiva?’ ‘Quem está causando a minha angústia?’
Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego.

E se você encontrar a origem, será fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa problemas, você vai preferir abandoná-lo – porque ninguém é capaz de carregar a origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido.

Mas lembre-se, não há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz: ‘tornei-me humilde’…
Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria – então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe que esse é o inferno, ele desaparece.

E então você nunca diz: ‘eu abandonei o ego’. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada, pois você era o criador de toda essa infelicidade…É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar.

Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.

Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.

Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha seca caindo… e então o verdadeiro centro surge.

E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir.

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Osho, em “Além das Fronteiras da Mente”
Fonte: Osho Brasil -http://www.palavrasdeosho.com/2009/06/ego-o-falso-centro-3.html

Se há ciúme, não há amor – Por Osho


Se há ciúme, não há amor
 
O ciúme é uma parte secundária do sexo. Sempre que você tem um desejo sexual em sua mente, uma manifestação sexual em seu ser, ou se sente sexualmente atraído por alguém, o ciúme entra em cena porque você não está amando. Se você ama, o ciúme não aparece.

Tente entender a coisa toda. Sempre que você está ligado sexualmente, fica com medo, pois, na verdade, o sexo não é um relacionamento, e, sim, uma exploração, uma utilização.

Se você está apegado a uma mulher ou a um homem sexualmente, fica sempre com medo de que essa pessoa possa ir embora com outra. Não há um relacionamento real. É apenas uma exploração mútua. Vocês estão explorando um ao outro, mas não amam, e vocês sabem disso, por isso têm medo.

Esse medo torna-se ciúme, e você começa a não permitir certas coisas. Começa a vigiar. Toma todas as medidas de segurança para que o homem não possa olhar para outra mulher. Só o olhar já é um sinal de perigo. O homem não deve falar com outra mulher, pois falar… E você sente medo de que ele possa ir embora.

Então, você fecha todos os caminhos, todas as possibilidades de o homem ir com outra mulher, ou de a mulher ir com outro homem. Você fecha todos os caminhos, todas as portas. Mas aí surge um problema. Quando todas as portas são fechadas, o homem torna-se morto, a mulher torna-se morta, ambos tornam- se prisioneiros, escravos, e não se pode amar algo morto. Você não pode amar alguém que não é livre, pois o amor só é belo quando é dado livremente, voluntariamente, quando não é tomado, pedido, forçado.
Osho, em “Roots and Wings”

Fonte: Palavras de Osho – http://palavrasdeosho.blogspot.com/2009/04/se-ha-ciume-nao-ha-amor.html

Meditação: relembre “Eu Sou” – Por Osho


Onde quer que você esteja, relembre de si mesmo, que você é. Essa consciência de que você é deve tornar-se uma continuidade. Não seu nome, sua nacionalidade. Essas coisas são fúteis, absolutamente inúteis. Basta lembrar-se que: Eu sou. Isso não pode ser esquecido. Caminhando, sentado, comendo, falando, lembre-se de que: Eu sou.

 

Isso será muito difícil, bem árduo. No começo você continuará esquecendo: só haverá uns momentos quando você se sentirá iluminado, então isso desaparece. Mas não se sinta miserável; mesmo uns poucos momentos são muito. Continue, sempre quando você puder lembrar novamente segure o fio. Quando você esquecer, não se preocupe, lembre-se de novo, e aos poucos os intervalos diminuirão, os intervalos começarão a desaparecer, uma continuidade irá surgir.

 

E quando sua consciência se tornar contínua, você não precisa usar a mente. Assim não há nenhum planejamento, desse modo você age a partir de sua consciência, não a partir de sua mente. Portanto não há nenhuma necessidade de qualquer desculpa, nenhuma necessidade de dar qualquer explicação. Assim você é o que quer que você seja; não há nada para esconder. O que quer que você seja, você é. Você não pode fazer mais coisa alguma. Você só pode ficar num estado de contínua lembrança. Através dessa lembrança, dessa mentalidade, surge a autêntica religião, surge a autêntica moralidade.

 

Isso é o que os Hindus chamam de auto-lembrança, o que Buda chamou de mentalidade correta, o que Gurdjieff costumava chamar auto-relembrar, o que Krishnamurti chama de consciência. Essa é a parte mais substancial da meditação, lembrar-se que: Eu sou.

 

Você não precisa repeti-lo na mente, “Estou caminhando”. Se você repeti-lo, isso não é lembrança. Você precisa estar não verbalmente cônscio de que ‘Estou caminhando, estou comendo, estou falando, estou escutando’. O que quer que você faça, o ‘Eu’ interior não deve ser esquecido; isso deve permanecer.

 

Isso não é auto-consciência. Isso é consciência do eu. Auto-consciência é ego. Consciência do eu é asmita…pureza, somente estar cônscio de que ‘Eu sou’.

 

Geralmente, sua consciência está dirigida para o objeto. Você olha para mim: toda sua consciência se move na minha direção como uma flecha. Mas você está flechado em direção a mim. Auto-lembrança significa que você precisa ter uma dupla-flecha: um lado dela mostrando-se a mim, outro lado mostrando-se a você. Uma dupla-flecha é auto-lembrança.

 

 

Osho, em “The Empty Boat”

Tradução de www.osho.com

Emprestado do Blog Amigo: Palavras de Osho.

Sexo Virgem – Por Osho


 

O foco deveria ser o amor. Você ama uma pessoa, compartilha o ser dela, compartilha o seu ser com ela, compartilha o espaço.

 

Amor é exatamente isto: criar um espaço entre duas pessoas – um espaço que não pertence a nenhuma, ou pertence a ambas, um pequeno espaço entre duas pessoas onde ambas se encontram, se misturam e se fundem.

 

Esse espaço nada tem a ver com o espaço físico. Ele é simplesmente espiritual. Nesse espaço você não é você, e o outro não é o outro. Ambos entram nesse espaço e se encontram.

 

Existe um tipo de sexo que de maneira nenhuma é sexual. O sexo pode ser belo, mas a sexualidade nunca pode ser bela.

 

Sexualidade significa sexo cerebral – pensar sobre ele, planejá-lo, administrá-lo, manipulá-lo, mas o básico que permanece no fundo da mente é que a pessoa está abordando a outra como um objeto sexual.

 

Quando a mente nada tem a ver com sexo, então ele é um sexo puro, inocente, um sexo virgem. Esse sexo pode algumas vezes ser mais puro que o celibato, porque, se um celibatário pensa continuamente em sexo, não se trata de celibato.

 

 

Osho, em “Osho Todos os Dias – 365 Meditações Diárias”

Fonte: Palavras de Osho – http://palavrasdeosho.blogspot.com/