
Hoje decidi caminhar pela manhã, saí disposta a sentir meus pés tocando o chão e observar esta manhã fria e nebulosa de outono.
Então lembrei-me das muitas caminhadas que fazia com meu pai na infancia aos domingos de manhã. Nunca pensei o quanto era próxima as sensações, cores e cheiros.
Fiz um caminho que sempre percorri durante toda minha infancia e adolescencia, passando pelas poucas casas que ainda não viraram comércio, observei as mesmas flores plantadas no jardim, os cheiros que vinham das casas e das pequenas mudanças nas cores e nos portões.
Gostoso foi passar por uma casa que tinha cheiro de frango assado, tipico de domingo. Depois uma outra com cheiro de roupa lavada secando no varal.
Passei por outra casa que tinha cheiro de xixi de gato, lembrei da casa da minha avó que, quando chegava, exalava levemente um cheiro de xixi de seus gatos. Ainda em outra casa, pude passar por outra casa lembrando daqueles famosos cheiros de perfume de avós, cheiro de leite de rosas ou coisa parecida.
Tinha aquelas casas que as rosas ainda permanecem no jardim, ora muito floridas e ora sem nada. Os camarões floridos, os vasos de samambaia e chifres de veado na garagem. Algumas ainda tinham aqueles carrões antigos clássicos na garagem que só saem a passeio de tão conservados.
Vieram tantas lembranças e sorrisos secretos nos cantos dos labios por debaixo da máscaras. Amei ser e ter todas estas reliquias dentro de mim.