Eilian era um jovem rapaz aprendiz de ferreiro. Estava aspirando ser o mais nobre forjador de espadas e de ferraduras daquele vilarejo.
Além de tudo ele era dedicado ao seu professor, seu pai, que também era um respeitoso ferreiro e sempre tinha estima pelo seu trabalho e pelos cavalos ao qual prendia-se as ferraduras. Eilian cresceu observando o trabalho do pai e aprendeu a amar tanto quanto ele.
A vontade interior de Eilian era forjar espadas para os mais nobres guerreiros para que utilizassem em batalhas pela honra de seu país. Decidiu estudar muito, a observar os critérios para que o aço se torne duro e afiado o suficiente. Sonhava com as espadas que fazia iriam ter um fio perfeito e seriam tão brilhantes com a capacidade de enxergar o próprio terror interior do inimigo só de olhá-la.
Eilian também tinha outro sonho, de ter um chapéu, deixar seus cabelos crescerem para protegê-lo contra o sol e a chuva.
Sempre que passava pela cidade, olhava para a chapelaria, pensando qual seria o tipo de chapéu ideal, se imaginando vestindo e recebendo os olhares das mulheres por sua beleza.
Eilian tinha uma beleza diferente, tinha um rosto um pouco angelical, quem o olhasse quando criança poderia confundir com uma menina. Seus traços eram delicados, mas sua voz era nitidamente grossa, impossível de negar a masculinidade. Já desde que tinha ingressado na adolescência se pegava imaginando as mulheres.
Quando completou 21 anos, disse ao pai que seu desejo era sair ao mundo para aprender sobre a arte de forjar espadas. Seu pai o abençoou dizendo que se fosse seu sonho que era para buscá-lo. E assim, Eilian, caiu no mundo a procura de seus sonhos.
Encontrou um velho senhor que era muito habilidoso e ensinou muitos segredos a Eilian, mas para o jovem rapaz, aquilo ainda não era o bastante.
Viajou para as cidades onde sabia que existiam ótimos forjadores. No meio de suas buscas, ficou sem desprovido de economias pois havia gasto com comida, estadia e até com uma mulher ao qual gostou de desfrutar dos prazeres da carne. Curioso como era, quis pagar a uma mulher da vida para que se deitasse com ele.
Naquele instante, observou que havia muito movimento com cavaleiros que chegavam na cidade. Então, decidiu oferecer seu serviço como ferreiro e cocheiro para os cavalos. Ganhou algum dinheiro que isso provendo seus sustento por alguns dias. Com o que sobrava comprou algumas ferramentas para incorporar no trabalho.
Aprendeu a amar profundamente os cavalos. A observá-los com amor, criar um vinculo de comunicação com eles. Eram animais incríveis, fortes e com temperamento. Os cavalos sentiam-se bem com Eilian.
Um dia ao adormecer, se viu montado em um belo cavalo, vestindo um chapéu. Em sua garupa viu uma linda mulher de cabelos negros. Aquele sonho tocou em sua alma e dormindo, sorria.
Alguns meses se passaram e Eilian ficara famoso entre os cavaleiros e guerreiros que passavam por ali. Estes homens deixavam suas espadas sob sua custódia para que pudesse arrumá-las ou afiá-las. Eilian fazia com prazer, esmero e tranquilidade. Era isso que seu coração amava fazer e com isso ganhou muito dinheiro, conseguindo até mesmo juntá-lo.
Agora seus sonhos eram outros, seu sonho era no campo, cuidar de rebanho e da agricultura. Viver em paz ao lado de uma esposa. Faria espadas ainda, apenas sob pequenas demandas, artesanalmente, para aqueles que tivessem o dinheiro para lhe pagar.
Trabalhou intensamente até seus 25 anos, sem parar, para conseguir o que queria. Seu trabalho tornou-se muito famoso pelas redondezas e muitos o procuravam. Estava sendo muito bem sucedido em seu trabalho. Ao mesmo tempo, estava a procura de seu pequeno recanto, que povoava sua mente.
Visitou muitas propriedades, mas nenhuma havia lhe chamado a atenção. Queria algo parecido com o que imaginava. Em uma de suas visitas aos locais, encontrou um ótimo terreno, porém um pouco descuidado, com uma casa velha. Achou o local muito interessante e decidir ter com o dono. Ao abrir das portas da casa, se depara com uma linda jovem, seus cabelos eram negros e estavam ligeiramente presos, ela tinha lindos olhos cor de mel e imediatamente, Eilian se sentiu encantado com a beleza da moça.
Melinda era seu nome. Era a única filha, de mãe falecida e agora com o pai acamado. Pediu que Eilian pudesse entrar e se acomodar servindo-lhe chá com biscoitos enquanto falavam sobre a propriedade. Melinda estava representando seu pai que estava acamado e planejava vender as terras para ficar próxima a cidade e poder efetivar a cura de seu pai. Eilian ficou encantado com a moça, com sua gentileza, seu modo dócil de se expressar. Melinda ainda preocupada com pai, não tinha ainda reparado no rapaz, pois o imaginava com alguém comprometido, apesar do rosto jovem e angelical, deveria ser mais velho do que ela.
Elian ficou encantado com a propriedade a qual Melinda mostrava. Havia um bom rebanho e alguns animais, plantações, mas que precisavam de mais cuidados que, infelizmente, após a enfermidade do pai, não puderam se dispor de atenção.
Quando Eilian foi embora, Melinda correu falar com seu pai. Explicou-lhe que apareceu um possível comprador, mas aparentava ser jovem e de boa índole. Seu pai ficara muito feliz com a notícia e perguntou se o rapaz tinha a agradado, afinal, tinha percebido um tom diferente na voz de sua filha ao falar dele. Melinda soltou um sorriso tímido dizendo que era apenas uma bobagem e que o rapaz ficou de voltar e conversar com ele.
Certo dia, Eilian volta para falar com o proprietário, o pai de Melinda. Um pouco debilitado, o velho aceita conversar com o rapaz. Quando o mesmo botou os olhos em Eilian sentira que o rapaz transmitia uma bondade e confiança muito grande. Passaram um bom tempo a conversar e sentiram uma conexão como se fossem pai e filho. Eilian ao conversar com o velho, sentiu muitas saudades de seu pai. Estava muito distante e só apenas tendo suas próximas aquisições decidiria ir visitá-lo.
Foram muitas visitas que Eilian fez a Melinda e seu pai. Melinda ficava a cada dia mais interessada no rapaz, mas tinha medo de demonstrar seus sentimentos. Eilian ia a propriedade para ver Melinda e seu pai, como uma família, mas seus desejos por ela eram outros. Seus sentimentos eram recíproco e verdadeiro por ela.
O pai de Melinda havia já percebido a sintonia amorosa que os dos irradiavam em seus olhares quando se viam. Ele apoiava muito a filha e faria muito gosto que a mesma pudesse se casar com um nobre rapaz e que acima de tudo a fizesse feliz.
Numa madrugada, Melinda sai a procura de Eilian, estava desesperada, pois seu pai estava muito mal e queria muito falar com ele. Eilian subiu no cavalo e Melinda estava atrás grudada em sua cintura e, tão logo, a lembrança do sonho que tivera quando chegara a cidade veio a tona. Ficou alguns instantes absorto na lembrança, se equiparando com aquele momento, aquela sensação, mas tão logo desviou a atenção à preocupação do pai de Melinda.
Chegando lá, foram direto para o quarto. O velho estava muito fraco e sentaram-se na beira da cama. O velho falava suavemente com seus filhos. Disse que a propriedade seria de Eilian e que não precisava pagar por ela, com a unica condição de cuidar de sua filha, que era seu único tesouro mais valioso. Disse para acolher aquele lugar como seu lar. Entre lágrimas, Eilian aceita o pedido em respeito ao senhor. O velho ainda tornou a falar, mais baixo ainda, dizendo que abençoaria e muito a união de seus grandes filhos. Melinda e Eilian se olham chorosos e surpresos com a benção. Ficaram ali alguns instantes em silêncio, emocionados com a notícia. Alguns minutos depois, o velho se desfaz em um sorriso brando e se despede da terra em seu leito ao lado das pessoas que amava. Melinda cai em prantos e Eilian a consola com o coração partido.
No amanhecer trataram em comunicar amigos e parentes próximos para o funeral. Eilian não saiu do lado de Melinda até o ultimo adeus. Tudo tinha ocorrido na mais perfeita ordem.
E assim, com o passar dos meses, Eilian fez a corte a Melinda. Estavam ainda saudosos pelo velho que se fora, mas felizes pois tinham um ao outro. Eilian estava apaixonado por Melinda, seus sonhos estavam se realizando até melhor do que tinha imaginado. Logo, pedira sua mão em casamento e se casaram numa reunião com os familiares e amigos.
Pode trazer seus pais para perto, dando-lhes uma casa e reformando a velha para Melinda e ele. Todos trabalhavam ali com os animais, as plantações, a terra e viviam de vendas de seus produtos, e, Eilian, pode ainda fazer suas espadas artesanais como havia previsto.
Certo dia passeava na cidade com Melinda e avistou uma chapelaria. Logo, sua grande vontade em ter um chapéu havia renascido. Viu o primeiro que bateu os olhos e o vestiu. O caimento saiu perfeito, já que seus cabelos estavam compridos.
Na hora de voltarem para casa, subiram em seu mais novo e belo cavalo, Eilian estava vestido em seu chapéu e com sua bela mulher, de cabelos negros, abraçada a sua cintura. Se sentiu feliz e abençoado pela vida que tinha e as pessoas que o amavam. Olhou para os céus e sorriu, como forma de agradecer a Deus e a vida por todas as bençãos que tinha recebido e de seus sonhos que conseguiu realizar.