Um dia uma cigana se apaixonou por um fidalgo
Era bonito, inteligente e alto
Possuía todos os atributos que um dia sonhava em encontrar em um homem
Ele tinha seu caráter, seu estilo, seu semblante calmo, masculino e exótico
Algo em seu olhar o fazia lembrar e aquele sorriso maroto
Aquele que dizia: “Ah! Venha comigo em meus encantos, dance para mim!”
Envolta em seu olhar, mergulhou na dança das ondas de paixão de seus olhos
Se encantou, embebedeu-se, entorpeceu-se com o balanço
As palavras vinham à cabeça como soar de sinos
“Dance cigana. Dance para mim!”
Leu em seu olhar certa possibilidade,
De se ver sorrir, a felicidade que talvez pudesse bater a porta.
Sonhos que sempre construíra, sonhos que a premonição dizia…
Casas rústicas, gente, mulheres fortes,
Família, trabalho, sorrisos, alegria
Viagem
Mas vira-se numa encruzilhada
Ela não podia interferir
Um dos caminhos deveria ser aceito
Sonhou então com o último beijo que na realidade se concretizou
Ficou no éter de um sonho,
Mas esquivou-se por saber que algo de errado acontecia
Envolto em luz, sentiu o gosto do beijo
Que ficou com a saudade e a vontade de um querer mais…
E este rosto de marinheiro, de menino travesso,
De guerreiro, de jardineiro,
Este rosto então juntou-se ao de outra
A cigana se deu a esperança…
E o orgulho prevalece… “Se queres ser meu, terás de me conquistar!”
A esperança que não sai do fundo da alma, esta que traz a loucura
Palavras que correm, que vem e que vão
Por mais que tentem a fazer esquecer
Nada tirará o rosto de quem a fez sofrer.
Camilla M. (26/09/07)
Acayrã do Deserto 